A descrição de imagem é um recurso tecnológico de acessibilidade que permite a inclusão de pessoas com cegueira, baixa visão, dislexia ou dificuldades de leitura, ao público de produtos visuais, como fotografias, gráficos, ilustrações, pinturas ou qualquer tipo de manifestação artística, por meio de informação escrita ou sonora.
Todo conteúdo digital não textual deve ser acompanhado de descrição da imagem (fotos, artes, tabelas, gráficos, gifs). Existem dois tipos de descrição de imagens: Texto alternativo ou #PraCegoVer/PraTodosVerem.
Texto alternativo
O recurso é utilizado para substituir uma imagem quando ela não pode ser carregada por conta da conexão, mas também serve para auxiliar o usuário que tem algum tipo de deficiência visual, possibilitando a absorção do conteúdo por todos os usuários.
Pessoas com deficiências visuais usam leitores de tela como tecnologia assistiva para conseguir ler textos. Ele fica “escondido” no código da página e é lido apenas pelo leitor de tela (120 caracteres).
#PraTodosVerem
Você já deve ter visto a hashtag #PraCegoVer ou #PraTodosVerem sendo utilizada nas redes sociais, certo? O uso da hashtag começou em 2012 com um projeto de disseminação da cultura da acessibilidade as redes sociais, tendo por princípio a descrição de imagens para apreciação das pessoas com deficiência visual. Foi idealizado pela professora baiana Patrícia Braille.
Milhares de pessoas cegas ou com baixa visão usam a internet com auxílio de programas leitores de tela capazes de transformar em voz o conteúdo dos sites. Mas, para que isto aconteça, é necessário descrever as imagens. É neste recurso que o voluntariado do Museu da Pessoa focará.
Vertente
Existem dois tipos de vertentes dentro da descrição de imagem:
- Assistencialista
- Cita as emoções: “Mariana está feliz”, “Maria está triste”, “Suzana está brava”;
- Ajuda no entendimento, explica situações, entregar cenas.
- Empoderativa:
- Identificar expressões faciais, falar movimentos do corpo, priorizar que o entendimento e julgamento seja feito por quem aprecia a obra;
- Não usa adjetivos que representam juízo de valor (bonito, bom, mau etc.).
O Museu da Pessoa opta por trabalhar com a vertente empoderativa.
Técnicas
- Descrição fiel: Deve-se atentar em descrever primordialmente informações que determinem a imagem visual e não considerar a sua própria compreensão ou interpretação da imagem, formando assim um julgamento. Não edite, intérprete, explique ou “ajude” a entender.
Fluxo de trabalho
- Cada um dos voluntários terão uma pasta individual no drive compartilhado com o seu nome;
- Dentro dela, você encontrará um documento indicando a data de entrega e o link para as imagens;
- Neste documento, os mentores colocarão comentários/pontos de atenção;
- Após a alteração de acordo com o feedback do mentor, você deverá responder o formulário do seu mentor com as descrições finais.
IMPORTANTE: Lembre-se: sempre adicionar #PraTodosVerem. Descrição resumida:
antes de todas as fotos.
Passo a passo da descrição
Chegou a hora de descrever a imagem! A organização da descrição dos elementos deve ser do macro para o micro. Este processo é essencial para o auxílio na construção da cena.
Devemos sempre começar a descrição dos elementos da esquerda para a direita, de cima para baixo.
Siga a seguinte lógica:
Identificar: O QUE/QUEM
Localizar: ONDE
Descrever: FAZ O QUÊ
Qualificar: COMO
Referenciar: QUANDO
Fórmula: formato + sujeito + paisagem/contexto + ação
Lembre-se que é necessário nomear a imagem no início da descrição.
• Exemplo: “Fotografia de um grupo de pessoas” “Banner de um anúncio”.
Termos
Existem diversos termos que podemos utilizar ao descrever uma imagem. Trazemos aqui os principais utilizados:
- Ilustração, Desenho;
- Foto, Fotomontagem;
- Composição (imagem composta por duas ou mais imagens; independentes: foto com foto, foto com ilustração, ilustração com ilustração etc.);
- Pintura, Tela, Litografia, Gravura, Escultura, Relevo, Iluminura;
- Esquema, Fluxograma;
- Gráfico, Pirâmide;
- Mapa, Mapa-múndi;
- História em Quadrinhos, Tirinha, Quadrinho;
- Charge, Caricatura, Cartum;
- Linha do tempo;
- Logo;
- Cartaz, Convite, Flyer;
- Reprodução de página de Internet, de página de livro.
Dica: Crie seu próprio vocabulário, facilitando na construção de textos posteriores que possam ter a mesma vertente.
Diretrizes gerais
- Evite frases ou parágrafos muito extensos;
- Prefira ordem direta nas orações;
- Opte por palavras mais conhecidas e estruturas simples;
- Evite o uso de figuras de linguagem:
- Facilita a interpretação do avatar de Libras.
- Figuras de linguagem podem afetar pessoas com deficiências intelectuais, cognitivas e síndromes, como pânico.
- Evite X/@ (Exemplo: Amigxs, Amig@s)
- Não é inclusivo para leitores de tela e avatares de libras e não resolve o problema do sexismo na linguagem, porque não mexe em sua estrutura.
- Identifique apenas os elementos relevantes;
- Mencione cores e detalhes;
- Use verbos no presente, sempre que possível;
- Elimine pleonasmos (foto mostra, arte exibe, etc.);
- Não use “seu” e “sua”:
- Ex: “Levanta seu chapéu”.
- Fale de todos, sem fazer distinção de sexo, gênero, raça ou cor;
- Não use “mas” e “porém”;
- Não use cacofonia:
- Palavras formadas pela combinação do final de uma palavra com o início da seguinte, que ao ser pronunciadas podem dar um outro sentido. Exemplo: “Por cada”, “Vi ela”.
- NÃO coloque quando alguém não tem/ não usa alguma coisa:
- Exemplo: Homem sem camisa.
- Mencione roupas sempre com o verbo “usar” e não “vestir”, pois vestir dá a sensação de movimento;
- Não use aspas e parênteses;
- Não use “aproximadamente”, evitando tipos de interpretação:
- Exemplo: Aproximadamente 30 anos;
- Quando não souber a idade, use: Criança, Jovem, Homem de meia idade, Idoso;
- Evite comparações:
- “Escuro como um céu estrelado”.
- Evite termos como “Olha para a câmera”, “No canto da imagem”. Substitua por “Olha para a frente”, “Olha para tal lado”;
- Não é preciso citar o lugar ou a data que a foto foi tirada, pois acaba se confundindo como legenda. Adicione apenas os elementos visuais:
- Não use termo como “Cidade Maravilhosa” para descrever o Rio de Janeiro. De certa forma isso é uma interpretação, porque o Rio de Janeiro pode ser maravilhoso para um, mas para outro não.
- Não utilize o verbo “parece“, pois ele é interpretativo:
- Exemplo: parece dançar, parece empurrar.
- Não utilize adjetivos:
- Exemplo “Em um lindo dia de sol” “dançar alegremente” “dançar animadamente”;
- Use os elementos que te fizeram chegar à essas conclusões.
Lembre-se que ninguém está errado! Essas correções são apenas para melhor direcioná-los para a vertente do museus, que é: Empoderativa.