Tópicos de correção

Destacamos aqui os tópicos de correção mais frequentes em uma história de vida. Estes são os pontos de atenção que devemos ficar atentos ao revisar a transcrição:

Erros de português

Deve-se corrigir os erros de português quando estes atrapalham a leitura do texto. Ex: “Nóis fomo pra venda do Seu Lidirico. Corrige-se para: “Nós fomos pra venda do Seu Lidirico”. O pra, pro, tô, tava, já são entendidos e portanto podem ser transcritos.

Datas

As datas devem estar sempre por extenso (Exemplo: 8 de outubro de 1994)

Siglas

  • Procurar significado das siglas na internet
    • Caso ache, adicionar o significado apósprimeira vez, em colchetes [].
    • Caso não ache o significado, adicionar na final da transcrição uma lista de DÚVIDAS e manter o ponto de interrogação (?) apenas após a primeira aparição.
  • Se a sigla tem mais de três letras, a primeira deve ser maiúscula e as outras em minúsculas. Exemplo: Inps. No caso de siglas menores, com três letras ou menos, todas as letras devem ser maiúsculas. Exemplo: USP.
  • Não é necessário colocar o significado da sigla na biografia/sinopse.

Barulhos externos

Tudo que não for dito pelo entrevistado colocar em colchetes [risos, pausa, toque de celular]. O ponto final é sempre após o fechamento dos colchetes [].

… muito bacana [risos]. – Correto
… muito bacana. [risos] – Errado
… muito bacana. [risos]. Errado

Digressões

Não se deve transcrever quando o entrevistado repete a mesma palavra várias vezes.
Ex: Eu tinha uma… uma… uma… uma caneta. Fica da seguinte forma: Eu tinha uma caneta.

Palavras e nomes não compreendidos

Quando não se compreende a palavra coloca-se uma lacuna. Ex: ______________. Quando se tem dúvida em relação à grafia coloca-se a palavra entre parêntese com uma interrogação. Ex: (Abud?)
Quanto a nomes próprios, caso não consiga entender, mantenha eles entre parênteses e com uma interrogação. A internet, e mais especificamente o Google, é uma ferramenta muito útil para tentar descobrir nomes difíceis através de palavras-chave.
Por exemplo, em uma certa transcrição, determinado depoente comentou sobre um filme do Flash Gordon e o Palácio Ming. A transcritora não tinha entendido, e colocou “Palácio (Mi?)”. Uma rápida pesquisa do tipo “Flash Gordon Palácio Mi” vai mostrar resultados onde possivelmente a dúvida será resolvida. O Google é uma ferramenta que solucionará muitos dos seus problemas em relação a nomes próprios.

Vícios de linguagem

Os vícios deverão ser transcritos, mas deve-se evitar o excesso no caso de pessoas que usam o tempo todo este tipo de expressão. Ex: “Aí ele falou comigo, né, que eu podia, né, viajar, né?”. Escreva: “Aí ele falou comigo que eu podia viajar, né?

Se indicar final de raciocínio, coloque o ponto de interrogação depois.
Senão, coloque entre vírgulas. Isso também se aplica ao “tá” “sabe” “entende”: “Olha, a gente viajou muito, né?” “Sempre gostei de viajar, né, e a gente viajou muito.”

Números

Quando for idade, usar o numeral.
Em demais casos: quando citamos números acima até dez usamos por extenso (um, dois, três, etc.) A partir do 11, escrevemos o numeral (11, 12, 13, etc.)
• Para demais dúvidas referente à número, acesse este link.

Termos em línguas estrangeiras

Colocar em itálico, exceto palavras que foram incorporadas ao português (ex: show, marketing).

Termos aportuguesados

Neste caso, deixamos apenas com aspas. O itálico usamos apenas para termos estrangeiros. Exemplo: “startou“, “brifou”.

Neologismo

O neologismo consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente. Caso apareça na história, manter a palavra entre aspas.

Regionalismo marcado

Manter, mas adicionar aspas (Ex: “uai”).

Vírgulas, vírgulas e mais vírgulas

Cuidado tanto com o excesso como com a omissão.
Vírgulas são importantes e podem mudar completamente o sentido de uma sentença. Usa-se vírgula para separar orações, aposto, vocativos e palavras enumeradas. Existem algumas expressões como “às vezes”, que são sempre colocadas entre vírgulas, além de algumas conjunções ou locuções conjuntivas como “portanto, todavia, entretanto, não obstante”.
Além do uso normal da vírgula, nas transcrições nós as usamos para indicar pausas curtas no discurso.

“Por que que…”, “O que que…”, “Que que…”

A forma correta é: “Por que é que…”; “O que é que…”; “Que é que…”.

Gagueiras

As gagueiras não devem ser reproduzidas na transcrição.

Troca de fitas

Sinalizar a troca de fitas colocando entre parêntese (troca de fita).

Sinalizando cantorias

Se for possível reproduzir a letra da música coloque em parênteses (entrevistado canta) e transcreva a letra da música em itálico. Exemplo: (entrevistado canta) “I can’t get no satisfaction”.
Se for em língua estrangeira coloque entre parênteses (canta música em armênio), por exemplo.

Poemas

Os poemas devem ser transcritos sem estarem blocados no texto, ou seja, respeitando a cadência dos versos.

Títulos

Os títulos de filmes, livros, jornais, peças de teatro, obras musicais, nomes de revistas devem ser grafados em itálico.

Diálogos com discurso direto

Os diálogos deverão receber aspas no início e no fim da frase, independentemente se for uma fala do entrevistado ou uma citação de outra pessoa. Citações, sempre começam com a primeira letra maiúscula.
Ex: Aí eu disse para o meu chefe: “Não vou aceitar este cargo” e fui embora.

Pra, para, para a/ estou, tô

A. Pra e para a – “Pra” é a forma reduzida de “para a”: “Eu fui pra (para a) festa.”
B. Para: “Eu fui para aquela festa!”
Obs: a forma reduzida pra NÃO leva acento!
C. Tô é uma forma reduzida de estou. Não está errado, mas é necessário o acento.

Reticências, ponto final e pausa

A reticência é usada para uma indefinição, mudança de raciocínio ou quebra de raciocínio.
O ponto final é usado para quando uma ideia é concluída.
A pausa só é usada quando houver uma pausa deliberada e não apenas quando o entrevistado parar para respirar.

Mais e mas

A reticência é usada para uma indefinição, mudança de raciocínio ou quebra de raciocínio.
O ponto final é usado para quando uma ideia é concluída.
A pausa só é usada quando houver uma pausa deliberada e não apenas quando o entrevistado para para respirar.

Porque, por que, porquê, por quê

A. Frases interrogativas: por que. “Por que ele não veio?”
B. Frases explicativas: porque. “Porque não quis.”
C. Como substantivo: porquê. “Gostaria de saber o porquê.”
D. Finais de frase ou de pausas – o acento circunflexo tem que ser colocado no “e” quando se chega a um final de frase ou numa pausa (vírgula, ponto e vírgula, dois pontos). “Você veio aqui por quê?” “Você não fez isso por quê, meu Deus?” “Ele não soube explicar por quê.”

Ocultar conteúdo

As vezes, durante a entrevista, um deponente pede para não disponibilizar ao público algo que foi dito durante a entrevista. Sempre respeitamos os trechos que o entrevistado pede para retirar. Avise seu mentor caso se depare com esta situação.

Ai, saia, aí, saía, traz, trás

Estes são erros muito frequentes, e inclusive são dos mais perigosos, pois podem mudar completamente o sentido de uma frase. Fique muito atento a essas diferenças!
“Antes que eu saia.” “Quando eu saía.”
Ai, aquilo foi demais para mim.” “, aquilo foi demais para mim.”
“Ele traz a comida (verbo trazer). Por trás da máscara havia um rosto (no sentido de estar atrás).

Fim da entrevista

O final da entrevista deve ser sempre indicado com — FIM DA ENTREVISTA — na parte
central do texto. Como no exemplo abaixo:

— FIM DA ENTREVISTA —

Nome de projetos

Caso o entrevistado ou entrevistador cite o nome do projeto que a entrevista faz parte durante a entrevista, adicionar sem aspas e com as letras iniciais maiúsculas.

Onomatopeia

Onomatopeias são figuras de linguagem que tenta reproduzir os sons existentes na natureza. Mantemos as onomatopeia, adicionando-as entre aspas.

Onde/ aonde

A palavra “onde” é usada para se referir a um lugar, o equivalente a “em que”. Já “aonde” é a combinação da preposição “a” com o advérbio ou pronome relativo “onde”. Portanto: a + onde = aonde. Assim, o termo “aonde” só pode ser usado quando acompanhado de outro termo que exija a preposição “a”, como na frase: “Vou aonde você for”.

Horas

  • Hora redonda: às 8 horas ; 10 horas ou 10 h (abreviação sem ‘s’ e sem ponto)
  • Hora quebrada: às 8h35min ; 10h05min ; 10h35 (sem dar espaço entre os elementos).

Informações incorretas

Às vezes, o entrevistado traz uma datação errada ou se engana sobre o nome de algum artista, local, objeto. Nestes casos, deixamos com a informação dita pelo entrevistado. Não devemos adicionar as informações corretas. As histórias de vida são narrativas construídas a partir do que cada um guarda seletivamente em sua memória. Ela corresponde a como organizamos e traduzimos para o outro parte daquilo que vivemos e conhecemos.

Maiúsculas e minúsculas

Você usará letra inicial maiúscula para:

  1. as palavras Estado (poder juridicamente organizado, unidade de uma Federação); Constituição e seus sinônimos (lei fundamental de um Estado); União e Federação (associação de Estados); República, Império, Monarquia (regimes políticos); Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário (ou Executivo, Legislativo e Judiciário); Prefeitura, Justiça (magistratura); Igreja (instituição); Exército, Região, Divisão (unidades ou subunidades específicas);
  2. os nomes de instituições, órgãos, unidades administrativas, entidades, empresas, comissões oficialmente constituídas, seções ou repartições em geral, tais como Presidência da República, Supremo Tribunal Federal, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Assembleia Legislativa, etc;
  3. os nomes de datas e eventos históricos bem como nas festas religiosas – Primeiro de Maio, Segunda Guerra, Ciclo do Café, Revolução Francesa, Carnaval, Páscoa, Natal, Renascença;
  4. os títulos de filmes, livros, jornais, peças de teatro, obras musicais, nomes de revistas (grafados em itálico. Ex: O Guarani / E o Vento Levou);
  5. os nomes dos pontos cardeais – Norte, Sul, Leste, Oeste, Sudeste, Noroeste etc, bem como para os nomes dos hemisférios longitudinais como Ocidente e Oriente;
  6. os nomes de divisões de uma empresa como Engenharia, Setor de Qualidade, Recepção etc;
  7. os nomes das artes, ciências e disciplinas escolares como Português, Matemática, Pedagogia, Psicologia, História, Economia, Engenharia Elétrica etc.

E inicial minúscula para:

  1. todas essas expressões quando empregadas de forma genérica ou indeterminada;
  2. os nomes dos meses, estações do ano e dias da semana;
  3. os nomes que designam diplomas legais como lei, decreto-lei, portaria etc.;
  4. os pontos cardeais quando indicam direção ou limite geográfico;
  5. nos adjetivos gentílicos e pátrios e na designação de grupos étnicos como xavantes, brasileiros, paulistas, etc.;
  6. nos acidentes geográficos, nas edificações e obras civis como ponte Rio–Niterói, sistema Anchieta– Imigrantes, oceano Pacífico, mar Mediterrâneo, rio Guaíba, ilha do Bananal, etc.;
  7. nomes de cargos, como diretor executivo, secretária, diretor de operações etc.
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