As fichas impressas devem ser preenchidas a lápis pelo pesquisador, no dia da entrevista. Existe ainda a possibilidade de o questionário presente nas fichas ser gravado (como uma mini-entrevista), permitindo posterior revisão e inserção na base de dados. Abaixo abordaremos o preenchimento de cada campo das fichas utilizadas pelo Museu da Pessoa.
Claquete
A claquete é a primeira coisa a ser gravada em qualquer entrevista. Ela contém as informações básicas a respeito daquele registro, como data, local, nome do entrevistado(a) e projeto do qual aquela história faz parte.
Entrevista de: Nome completo da pessoa entrevistado(a). Caso ela tenha um apelido ou nome artístico, ele deve aparecer primeiro e o nome deverá vir entre parênteses. Ex: Pelé (Edson Arantes do Nascimento).
Entrevistado(a) por: Nome completo do (s) entrevistado(a)r (res)
Local e data da entrevista: Nome da cidade por extenso, dia (formato 00), mês por extenso e ano. Ex: São Paulo, 05 de julho de 2018.
Projeto: Nome, por extenso, do projeto ao qual a história está relacionada. Ex: Conte Sua História.
Entrevista Número: Código do projeto e número da história de vida (ver tópico 3.2). Ex: PCSH_HV586
Ficha de História
Esta ficha agrega as informações mais elementares a respeito do contexto e do conteúdo narrado na entrevista. Também são indicadas aqui as palavras-chave.
Código: O mesmo da claquete.
Nome da Pessoa: Nome completo da pessoa entrevistado(a). O mesmo da claquete.
Idioma: Assinalar o campo que corresponde ao idioma falado pelo entrevistado(a). Caso o idioma não seja português ou inglês, é necessário escrever por extenso a língua falada.
Licença de Uso: A Licença de Uso é um documento a parte. É assinado por todas as pessoas entrevistadas pelo Museu da Pessoa e aceito por todos aqueles que criam um perfil na plataforma do museu. O campo aqui serve apenas para facilitar, por parte do pesquisador, o acesso à informação. Caso o entrevistado(a) já tenha assinado a licença, o campo deve ser preenchido com um SIM. Se, por outro lado, a pessoa que contou sua história decidiu consultar alguém, ou assinar depois, o campo deve conter um NÃO (a ser substituído assim que o documento for assinado). Em alguns casos a licença pode ser modificada, permitindo um uso específico da história em questão. Nestas situações, a ficha deve ser preenchida com a opção SIM, mas fica a encargo do pesquisador colocar no campo “observações” quais são as possíveis restrições para o uso daquela história.
Responsável pelo cadastro: Pesquisador responsável pelo preenchimento das fichas correspondentes ao registro da história de vida e coleta de imagens. Pode, ou não, ser a mesma pessoa que realizou a entrevista.
Entrevistado(a)res: O mesmo da claquete.
Data do registro: Data da entrevista, no formato DD/MM/AAAA.
País / Estado / Cidade: Nomes, por extenso, do país, estado e cidade onde ocorreu o registro da história.
Sinopse: É uma síntese, um resumo sobre o que o entrevistado(a) falou no decorrer da entrevista. Seu objetivo é informar o leitor sobre quais os principais temas presentes naquela narrativa, tendo cerca de 10 linhas.
Exemplo: “Em seu depoimento, Tula Pilar Ferreira conta como passou sua infância entre travessuras e brincadeira e como conheceu a literatura. Fala sobre seus trabalhos como doméstica e passadeira, as cidades onde morou e sobre a criação de seus filhos. Aborda o preconceito por ser pobre, negra e favelada. Descreve como começou a escrever poesia e como conheceu os saraus da cidade de São Paulo, levando sempre junto a sua filha mais velha, Samanta. Conta sobre seu trabalho na revista Ocas, e sobre como foi a produção de seu livro , além de seu sarau: Cadin de Coisa.”
TAGs / Palavras-chave: As tags, ou palavras-chave, geralmente não são palavras ditas literalmente pelo entrevistado(a), mas são termos que condensam o teor do que ele contou. Por exemplo: uma pessoa pode não ter dito em nenhum momento de sua história a palavra “moradia”, mas dedicou parte de sua entrevista a contar sobre a conquista da casa própria. Logo, moradia é uma tag possível para este depoimento. Vale lembrar que o objetivo das tags é facilitar a busca por aquela história no site do museu. Sendo assim, uma pergunta importante que podemos nos fazer na hora de taguear é: Se eu estivesse buscando esta entrevista na página do Museu da Pessoa, que palavras eu jogaria na ferramenta de busca esperando encontrar esta história?
O número de tags por depoimento pode variar bastante, sendo 5 o número mínimo a ser dado para uma história.
Exemplos de tags: brincadeira; pescaria; amor; superação; férias; escola; amizade; família; bar; literatura; culinária; Seleção Brasileira de Futebol
Atenção: Verbos não podem ser utilizados com tags (brincar, comer, aprender, etc)
Observações: Campo de preenchimento livre, criado para abrigar informações que porventura não se enquadrem nos outros espaços. Embora nem sempre haja necessidade de seu preenchimento, o campo de “Observações” é um campo importantíssimo. Nele deve ser reportado qualquer outro tipo de informação sobre a entrevista, desde condição do suporte até alterações quanto ao acesso. Exemplos destes apontamentos seriam: Falecimento do depoente com data de obtenção da informação sempre que possível; pedido pessoal do entrevistado(a) para que a entrevista não seja mais disponibilizada publicamente, com a data em que foi feita a solicitação.
Exemplo: A licença de uso foi assinada, mas o entrevistado(a) pediu para que o conteúdo de sua história seja inserido apenas na plataforma do Museu e não nas redes sociais. O(a) pesquisador(a) deve, neste caso, utilizar o campo para registrar esta informação.
Ficha de Personagem
Informações gerais a respeito da pessoa que contou sua história. Os campos seguem o padrão de informações adotadas pelo IBGE na realização do Censo.
Código: O mesmo da claquete.
Nome da Pessoa: Nome completo da pessoa entrevistado(a). O mesmo da claquete.
CPF / RG: Numeração dos documentos.
Telefone: DDD + número.
E-mail: Endereço por extenso. É importante escrever esta informação de maneira bem legível, afim de garantir a possibilidade de contatos futuros.
Identidade de Gênero: identidade de gênero, aqui, diz respeito a como a pessoa se reconhece, se do gênero feminino ou masculino. Podemos dizer que gênero é o sexo social definido, ou seja, gênero não é sinônimo de sexo. Enquanto o sexo é biológico, o gênero é construído historicamente, culturalmente e socialmente. Ou seja: nascemos machos ou fêmeas, mas nos fazemos homens ou mulheres. É essencial que cada pesquisador ou entrevistador(a) deixe que a pessoa diga como se identifica. Existe uma opção “outro” a ser assinalada caso o entrevistado(a) não se identifique como feminino ou masculino. Neste caso, o pesquisador deve colocar por extenso a identidade de gênero apontada pela pessoa.
Data de nascimento: DD/MM/AAAA
País / estado / cidade de nascimento: Nomes, por extenso, do país, estado e cidade onde ocorreu o registro da história.
Endereço atual (número / complemento / país / estado / cidade): Dados, por extenso, relacionados ao endereço onde o entrevistado(a) reside. É muito importante que todos os campos sejam preenchidos, pois são estas informações (somadas ao e-mail) que permitem o contato posterior com a pessoa entrevistada.
País / estado / cidade de nascimento: Nomes, por extenso, do país, estado e cidade onde ocorreu o registro da história.
Cor/Raça: “Característica declarada pelas pessoas de acordo com as seguintes opções: branca, preta, amarela, parda ou indígena” (IBGE. https://bit.ly/2nlwfvK). Sendo assim, deve-se sempre perguntar ao entrevistado(a) como ele se declara. Um entrevistador(a) pode achar que a cor da pele de uma pessoa é preta, mas o próprio entrevistado(a) pode se achar da cor parda ou branca. A auto declaração de cor da pele reflete o sentimento e o desejo da pessoa no momento da entrevista e, se ele se diz branco, é como branco que ele deve ser classificado.
Religião: Nome, por extenso, da religião professada pelo entrevistado(a). Embora na base de dados exista uma lista de religiões baseadas no censo do IBGE, o pesquisador pode selecionar a opção “outra” caso a pessoa que compartilhou sua história professe outro tipo de fé. De todo modo, no momento de preenchimento da ficha é imprescindível que o nome da religião seja escrito por extenso.
Profissão: Atividade profissional exercida pelo entrevistado(a). Na maioria das vezes está atrelada com à área de formação, mas nem sempre. Deve ser escrita por extenso, levando em conta detalhes e especificidades. Ex: Gestor ambiental de reservas florestais / Engenheiro de produção agrícola / Professor de História Antiga
Formação: Nível de escolaridade do entrevistado(a), por extenso. As opções são: Ensino Fundamental Completo / Ensino Fundamental Incompleto / Ensino Médio Completo / Ensino Médio Incompleto / Ensino Técnico / Superior Completo / Superior Incompleto / Mestrado / Doutorado
Atividade atual: Muitas vezes a pessoa não exerce mais a profissão na qual atuou durante boa parte da vida. Este campo foi criado para dar conta destes casos, que estão longe de serem raros. Ex: Uma pessoa foi costureira durante toda a vida, mas agora está aposentada. Neste caso, costureira deve ser a descrição da profissão e aposentada a atividade atual. Outro exemplo: Um médico decidiu parar de atuar e agora se dedica a auxiliar ONGs voltadas para promoção da saúde da mulher. Médico será a descrição da profissão e voluntário a atividade atual.
Atenção: na base de dados a atividade atual deverá ser inserida no campo “informações gerais”, presente na aba “demais informações” do cadastro de pessoas.
Estado Civil: estado civil do entrevistado(a) por extenso. As opções são: Solteiro / Casado / Separado / Divorciado / Viúvo
Biografia: é uma breve descrição (máximo de 10 linhas) sobre a pessoa que nos contou sua história. Seu objetivo é informar ao leitor informações importantes sobre o autor da história, como por exemplo nome, local e data de nascimento, o que faz atualmente, etc.
Exemplo: “Bartolomeu Campos de Queirós nasceu em 1944 e viveu sua infância em Papagaio (MG). Com mais de 40 livros publicados (alguns deles traduzidos para inglês, espanhol e dinamarquês), formou-se em educação e artes. Estudioso da filosofia e da estética, utilizou a arte como parte integrante do processo educativo. Cursou o Instituto de Pedagogia em Paris e participou de importantes projetos de leitura no Brasil como o ProLer e o Biblioteca Nacional, dando conferências e seminários para professores de leitura e literatura. Por sua produção literária, recebeu diversos prêmios e condecorações. Faleceu em 16 de janeiro de 2012.”
Observações: Campo de preenchimento livre, criado para abrigar informações que porventura não se enquadrem nos outros espaços.
Ficha de Imagem
Uma ficha de imagem possui dados de contexto (quem são as pessoas retratadas, contexto de produção, data e local), um campo para inserir a história narrada pela pessoa e dados do acervo
Observação: toda imagem captada deve ser digitalizada em formato TIFF e resolução de 600 DPIs.
Código: O mesmo da claquete. Atentar para o fato de que o código da imagem nunca é igual ao da entrevista, já que recebe o acréscimo das siglas FT ou DOC (ver tópico 2.2). Ex: PCSH_HV586_FT04.
Acervo de: Nome, por extenso, do entrevistado (a) ao qual a foto pertence. É o nome da pessoa que nos trouxe a foto ou documento que foi/será digitalizado.
Título da imagem: Título atribuído pelo pesquisador ou pela própria pessoa. Deve ter caráter descritivo e tentar fugir de abstrações que impossibilitem um reconhecimento objetivo do que a imagem retrata. Ex: Casamento dos meus pais / Férias em família
Local da imagem: Nomes, por extenso, do local de origem da imagem. No caso de fotografias, nome do local onde foram tiradas. Nem sempre o entrevistado se lembra de todas as informações, mas deve-se tentar preencher este campo com o máximo de detalhamento possível (local, cidade, estado, país). Ex: Casa de minha tia Miriam, Ouro Preto – Minas Gerais, Brasil. Nas vezes em que não se tem ideia do local da imagem, deve-se seguir o padrão s.l. (sem local).
Data da imagem: data do registro daquela imagem ou documento. O ideal é sempre o formato DD/MM/AAAA, porém na maioria das vezes a pessoa só se recorda do ano ou mesmo década. Assim como no caso do local da imagem, deve-se tentar chegar ao máximo de detalhamento possível. Nas vezes em que não se tem ideia da data da imagem, deve-se seguir o padrão s.d. (sem data).
Descrição: Campo para preenchimento, por extenso, dos dados de contexto: quem são as pessoas retratadas? Qual o contexto de produção? Por quê você trouxe esta imagem?
Audiodescrição (acessibilidade): Audiodescrição, aqui, é a criação de um texto roteiro, delicado e subjetivo, que deve seguir padrões e técnicas internacionais estabelecidas em países onde a audiodescrição já está normatizada. Seu objetivo é possibilitar a posterior criação de uma faixa narrativa adicional para que cegos e deficientes visuais tenham acesso a este conteúdo.
TAGs / Palavras-chave: Preencher da mesma forma que na história. No entanto, é necessário estar atento! As tags da imagem não são as mesmas que as da história a qual a imagem está atrelada. Ex: uma história recebeu as tags imigração japonesa, São Paulo, comércio, secos e molhados. Se a pessoa que contou a história nos traz uma foto de sua festa de casamento, as tags da imagem devem fazer referência ao que a imagem revela. Sendo assim, serão tags diferentes: casamento, festa, família, noiva, bolo, salão de festas.
Tipo de imagem: Definir se a imagem é uma foto, ilustração, desenho, documento, mapa ou outro. No caso da opção “outro”, deve-se descrever qual a nova tipologia da imagem.
Crédito: Caso a imagem seja de um acervo familiar (Ex: álbum de fotos de uma família) deve-se escrever “Acervo familiar”. Caso a foto tenha sido tirada em estúdio/feita por fotógrafo contratado, é importante tentar identificar o profissional e creditá-lo. No caso da ausência desta informação, deve-se especificar “fotógrafo desconhecido”.
Observações: Campo de preenchimento livre, criado para abrigar informações que porventura não se enquadrem nos outros espaços.
Ficha de Vídeo
Identifica dados de conteúdo e dados técnicos acerca da história registrada em vídeo. Deve sempre ser preenchida com riqueza de detalhes técnicos para facilitar o processo de consulta e disseminação. Muitas vezes a resolução ou formato do arquivo, por exemplo, determina se conseguiremos usar um vídeo em uma exposição ou outro em produto cultural.
Código: O mesmo da claquete
Nome do vídeo: Caso trate-se de um vídeo correspondente à íntegra da entrevista, o nome do vídeo será o nome completo do(a) entrevistado(a). Caso, porém, trate-se de uma versão editada com alguma finalidade específica, o nome será dado pelo(a) pesquisador(a), assim como no caso das histórias editadas em texto. Existe ainda a possibilidade de tratar-se da gravação de alguma atividade, como uma roda de histórias. Nestes casos, o nome do vídeo deve deixar claro de que atividade se trata. Exemplos: Antônio da Costa Soares (vídeo bruto/entrevista na íntegra) / Uma vida em alto-mar (vídeo editado) / Roda de histórias no quilombo ivaporunduva (atividade)
Descrição: Este campo tem o mesmo intuito do campo “Sinopse” da história.
Entrevistadores / Data: Os mesmos da claquete.
Videomaker: Nome do profissional que realizou a gravação
Duração: Tempo de duração da gravação. O padrão para tempo deve seguir o seguinte modelo: 00:00:00 (horas, minutos e segundos).
Formato do Arquivo: Especificar a extensão do arquivo da gravação. As opções são: 3GPP / 3GPP2 / AVI / ASF / DiVX / MOV / MP4 / MPG/MPEG / MPEG4 / WMA / WMV
Resolução do vídeo: Especificar a resolução na qual foi feita a gravação. As opções são: VGA / HD / FULL HD / SD / 4K
Ratio: Ratio ou “Aspect Ratio” nada mais é do que a proporção de tela na qual foi feita a gravação. É a relação matemática entre as suas duas dimensões, em geral obtida pela divisão entre as medidas da largura e da altura. As opções são: 16:09 / 4:03 / 3:02 / 21:09
Créditos: Caso a gravação tenha sido realizada por um profissional do Museu da Pessoa, o campo deve ser preenchido com “Museu da Pessoa”. Caso um profissional de fora, ou mesmo empresa, tenha sido contratado para realizar a gravação, este é o espaço para creditá-lo. Ex: Cartola Filmes.
Suporte Atual: Desde 2012, todas as gravações realizadas pelo Museu da Pessoa são originalmente digitais. O conteúdo é transferido dos cartões de memória das máquinas filmadoras para HDs externos. No caso de entrevistas digitalizadas, o arquivo digital resultante do processo de ingest também é armazenado em HDs externos. Sendo assim, este campo será preenchido apenas com “HD”. A definição exata do suporte será dada pela equipe de acervo, no momento em que o conteúdo, dentro do projeto do qual faz parte, for catalogado. Exemplo de definição exata: HD_0084.
Suportes Anteriores: No caso de entrevistas que passaram por um processo de digitalização (ingest) é necessário indicar, além do suporte atual (ver acima), qual é a mídia original. As opções são: MD / DVCAM / MDV / HI8. Neste campo, suportes de mesma natureza devem ser colocados sequencialmente com vírgula (Ex: MDV 1578, 1579, 1580).
Observações: Campo de preenchimento livre, criado para abrigar informações que porventura não se enquadrem nos outros espaços. Ex: suporte original degragado ou em processo de degradação (a mídia apresentar drops de imagem).
Responsável pela catalogação: Como a ficha de vídeo não necessariamente é preenchida no momento da entrevista (caso do acervo passivo) é necessário se identificar como responsável pelo preenchimento deste documento.
Descrição (minutagem): Toda ficha de vídeo e/ou áudio possui uma ficha de minutagem da história (marcação temporal referente ao trecho destacado). O objetivo é facilitar o acesso à narrativa a partir de frases selecionadas da própria fala do(a) entrevistado(a) e que nos remetam a momentos marcantes/importantes da vida daquela pessoa. Existem algumas regras a serem seguidas neste processo:
- O padrão para tempo deve seguir o seguinte modelo usado no preenchimento da duração da entrevista, ou seja 00:00:00 (horas, minutos e segundos).
- É necessário preencher a marcação inicial exata do excerto selecionado (coluna IN).
- O tempo total da entrevista deve ser contemplado e não a duração de cada mídia (vale lembrar que no caso das entrevistas cujos suportes são mídias analógicas, uma história de vida ocupa cerca de 3 ou 4 mídias).
- As mudanças de fita devem ser indicadas e sinalizadas da seguinte forma: [PASSAGEM DA FITA X PARA A FITA Y], sem notação de tempo.
- A descrição deve sempre ser feita do ponto de vista do(a) entrevistado(a), em primeira pessoa. O ideal é que seja utilizada a fala do próprio personagem (um pequeno excerto do trecho), sempre que possível, e acrescidos trechos descritivos quando necessário para contextualização do assunto. O tamanho da descrição é variável de acordo com o assunto e a fala do entrevistado.
Não é possível estabelecer um parâmetro, porém, entendemos que algo em torno de três linhas (no máximo) da tabela sejam o suficiente para dar conta da descrição.
Exemplo:
00:38:00 – Meu nome brasileiro é Emília.
00:01:58 – Nasci em Piratininga, isso é o que eu sei! Em 1935.
00:02:21 – Meus pais vieram do Japão, no navio África Mari, com destino a uma fazenda de café, no Brasil não conheciam ninguém.
00:04:45 – O serviço de imigração fazia propaganda enganosa, no início foi só sofrimento para os japoneses no Brasil. Mas seus pais superaram e começaram sua história aqui. Do bicho da ceda a plantação de algodão.
00:11:34 – A Maria Fumaça passou e uma de suas fagulhas caiu no sapé da casa, e o fogo começou. Meu pai salvou quase todos, mais se confundiu e esqueceu um de meus irmãos, apesar de muito pequena, me lembro que algo de muito ruim estava acontecendo.
00:20:55 – Um Japonês apareceu e quis casar com minha irmã, e ameaçou meu pai de roubar ela, assim meu pai deixou ela casar.
00:23:18 – Meu pai nunca gostou de ser labrador, nem aqui nem no Japão, ele gostava mesmo é da cidade.
00:26:07 – Naquela época, ser criança no interior em família de japonês, era difícil.
00:30:00 – Em junho de 1942, viemos para São Paulo eu para a Escola e meu pai fabricando doce.
00:32:41 – Chegar em São Paulo, foi uma alegria, eu tinha medo dos bichos e das almas penadas do interior.
00:34:23 – Eu já sabia que São Paulo era da garoa, e no dia que eu cheguei, descobri que era mesmo.
00:36:19 – Havia preconceito com os Japoneses no começo. E na época da guerra, havia perseguição da máfia japonesa, um conhecido de Tupã sofreu com eles.
00:40:02 – Eu não aprendi o japonês.
00:40:42 – Me encantei com a escola das freiras, e meu primeiro dia de aula, eu me lembro tudo, que dia gostoso.
00:43:20 – No primeiro dia cantamos, nunca me esqueci (Dona Emília canta).
00:45:55 – Depois que fiquei mocinha, ia muito ao cinema, de vez em quando eu ia em um baile.
00:48:14 – Fui trabalhar na empresa de doce, aproveitei meu primeiro salário e fui arrumar um dente. A fábrica ficou fraca, porque se aventurou com o chocolate.
00:50:40 – Não entendia muito dessas coisas de namorar, mas um menino disse que gostava de mim, mas não quis, eu era muito nova.
00:53:13 – Trabalhei em uma tipografia na liberdade, era de um italiano, que não era muito educado, o dono da outra tipografia, que ficava na frente, falou para eu sair e me arranjou outro emprego em uma cooperativa.
00:58:11 – lembro do mercadão naquela época, era em frente ao meu trabalho, mas quando chovia dava enchente, um dia tive que pedir ajuda a um caminhoneiro para passar pelo rio Tamanduateí.
00:59:35 – Mas que letra bonita, foi a primeira coisa que aquele homem, que seria meu marido falou. Meu pai queria casar de novo, aproveitou e apressou meu casamento para sair de casa.
01:03:48 – Eu fiquei uma noiva muito bonita, meu marido fez até o curso de batismo, disse que para casar comigo, fazia qualquer coisa.
01:07:17 – Fui morar na Morato Coelho, e toda sexta-feira tinha feira. Minha primeira filha era muito graciosa, e eu deixava ela com uma feirante e fazia feira tranquila.
01:09:10 – A diferença foi de 4 anos, de uma filha para a outra. A primeira era a mais arteira a outra era muito quieta.
01:11:35 – Netos e um bisneto, ter eles, foi uma sensação muito boa.
01:13:35 – Meu irmão sempre falou que gostaria que eu tivesse feito uma faculdade, e depois eu acabei estudando, teve até festa de formatura.
01:16:13 – Hoje em dia a Nise deixa tudo pronto, ela me trata muito bem.
01:18:10 – Faço Ginastica, aula de pintura, memorização e japonês. Meu primo do Japão reclama, que eu escrevo carta em inglês, e ele prefere ler em japonês.
01:20:40 – Fiz 82 anos e me fizeram uma festa surpresa. Foi inesquecível, nunca tive nada igual.
01:26:24 – Contar a história, foi um tipo de desabafo. Normalmente a gente não conta para a família.
01:29:09 – A minha mãe cantava as músicas dela da época de criança lá no Japão, e eu guardei de ouvido (Dona Emília canta) *FIM*
Ficha de Áudio
Identifica dados de conteúdo e dados técnicos acerca da história registrada em áudio.
Código: O mesmo da claquete
Nome do áudio: Caso trate-se de um áudio correspondente à íntegra da entrevista, o nome do áudio será o nome completo do(a) entrevistado(a). Caso, porém, trate-se de uma versão editada com alguma finalidade específica, o nome do áudio será dado pelo(a) pesquisador(a), assim como no caso das histórias editadas em texto. Existe ainda a possibilidade de tratar-se da gravação de alguma atividade, como uma roda de histórias. Nestes casos, o nome do áudio deve deixar claro de que atividade se trata. Exemplos: Antônio da Costa Soares (áudio bruto) / Uma vida em alto-mar (áudio editado / Roda de histórias no quilombo ivaporunduva (atividade)
Descrição: Este campo tem o mesmo intuito do campo “Sinopse” da história.
Entrevistadores: Os mesmos da claquete.
Data: A mesma da claquete.
Tipo: Determinar se o arquivo corresponde a um áudio bruto (íntegra da entrevista) ou editado. Caso trate-se de uma gravação de roda de história, por exemplo, deve-se assinalar a opção “Outro”.
Formato do arquivo: Extensão do arquivo de áudio. As opções são: MP3 / WMA / WAV / AAC / AIFF / PCM / FLAC
Duração / Créditos / Suporte Atual / Suportes Anteriores / Responsável pela catalogação / Descrição (minutagem): Preencher estes campos da mesma forma que na ficha de vídeo, explicada acima.
Observações: Campo de preenchimento livre, criado para abrigar informações que porventura não se enquadrem nos outros espaços. Ex: o áudio não está claro na gravação do minuto 12:55 ao 15:12.