Edição de uma história de vida?

Existem muitos gêneros de discurso em uma narrativa de vida. Nela estão presentes muitas histórias temáticas, descrições, comentários, avaliações, além de muitas repetições, interrupções, exclamações e silêncios. Quando se edita uma narrativa de vida se pode optar por:

  1. Editar uma das histórias da narrativa.
  2. Organizar a narrativa de vida como um todo de maneira a torná-la uma história mais coesa e impactante. 

As duas formas de edição são possíveis e a opção por cada uma delas se dá seja pelo objetivo da edição, seja pelo tipo de público que se pretende atingir, seja pelo suporte escolhido. No entanto, é fundamental que o centro da edição seja uma história. Mas o que diferencia uma história dos outros tipos de discurso?

O que caracteriza uma história?

Existem muitos estudos que tratam do que podemos chamar de gramática das histórias. Alguns pesquisadores, como o psicólogo Jerome Bruner ou os sociolinguistas William Labov e Joshua Waletzk (todos norte americanos) estudaram a maneira como as narrativas de vida criavam modelos mentais que davam suporte para as experiências pessoais. Em resumo, podemos apresentar os seguintes pontos:

  • Uma história implica em transformação de algo ou de alguém,
  • Para que esta transformação ocorra, é necessário que haja uma ruptura, um movimento, algo que se transforma ao longo da narrativa,
  • Na introdução, na extrodução e na avaliação é que, em geral, entendemos a perspectiva do narrador,
  •  A história possui uma coesão, ou seja, o acontecimento refere-se a algo ou alguém que se mantém e se transforma ao longo da história,
  • A história possui um objeto central (pode ser uma pessoa, um objeto animado ou inanimado, um sentimento, uma reflexão) 

Quanto às características específicas de uma narrativa de vida, podemos afirmar que:

  • Uma narrativa de vida possui muitas histórias que são articuladas segundo a perspectiva do narrador no momento em que a produz;
  • Existem muitas formas de se organizar uma narrativa de vida: cronológica, tematicamente, a partir de uma única faceta do protagonista, ou na identificação de qual o “plot” daquela pessoa.
  • Quando constrói sua narrativa, a pessoa explicita uma trama que a envolve ou envolveu ao longo da vida: a relação com a mãe, uma culpa, uma busca por um determinado amor, a procura por uma identidade.
  • Uma boa edição de narrativa de vida é identificar o plot/ a motivação/ a questão que move ou moveu aquela pessoa e procurar , a partir daí, articular as partes da narrativa que podem traduzir esta questão de maneira surpreendente.
  • Uma história não é uma informação. Ela implica em escolhas, justificativas, seleções e julgamentos que a pessoa faz sobre si mesmo e sobre os outros. Utilizar estes olhares da pessoa é o que humaniza a história e o que é capaz de torná-la interessante ou de causar empatia com os outros. Quando a narrativa é puramente informacional, ela perde o interesse do público.
  • As histórias não são exemplos ou representações históricas de um personagem. Quanto mais únicas, singulares e menos gerais elas forem, maior o impacto humano podem causar. 
Este artigo foi útil para você? Sim Não

Como podemos ajudar?

Ainda tem dúvidas e precisa da ajuda de nosso atendimento?

Você pode entrar em contato pelo email atendimento@museudapessoa.org ou abrir um chamado com nosso time de suporte técnico. Para isso, clique no botão abaixo e preencha o formulário detalhando sua solicitação.

Abrir chamado
  Lei de incentivo à cultura
Apoio Financeiro BNDES
Realização Museu da Pessoa
  Ministério da Cultura