É comum nos depararmos com a afirmação “ouvir é uma arte”. No entanto, vale ressaltar a diferença básica entre ouvir e escutar. Enquanto ouvir diz mais respeito ao sentido da audição, à capacidade física de assimilar estímulos sonoros, escutar remete ao ato de ouvir com atenção, de compreender e processar os estímulos captados. Sendo assim, a afirmação “ouvir é uma arte” no fundo diz muito mais respeito à escuta, a um processo ativo que demanda esforço, atenção e, por que não, técnica e treino. 

Para o Museu da Pessoa, é importante garantir um registro sonoro de qualidade para que as pessoas possam se dedicar à escuta. O público deve se ater às histórias que são narradas e não se preocupar em discernir vozes em meio à barulhos externos, trilhas sonoras ou ruídos decorrentes de equipamentos inapropriados. Isso compromete a experiência imersiva e acaba prejudicando o impacto que as histórias poderiam ter.

Como garantir um registro de qualidade?

• Para uma captação de qualidade, é necessário contar com um operador de áudio. É muito importante haver teste no volume da captação do áudio: se o áudio for captado muito alto, vai estourar, se for captado muito baixo, vai haver ruído. Caso não haja esse trabalho, todo o resto do processo vai ser desperdiçado. Um áudio de qualidade deve ser claro, sem ruídos e sem estouros.

• É importante existir isolamento e tratamento acústico, para não haver nem interferência de áudio externo e nem eco no áudio captado na sala isolada. Existem vários tipos de tratamento acústico, como espumas na parede, utilização de caixa de ovos ou lençóis em “U” para “quebrar” a onda e não haver eco. Já para isolamento sonoro é necessário entrar em contato com um engenheiro ou arquiteto, pois existem formas de construção da parede que impedem que o som de fora entre.

• Após a captação também é importante o processo de nivelamento do áudio, se o processo tiver sido feito corretamente, não haverá necessidade de remoção de ruídos

Quais equipamentos utilizar?

• Utilização de conjunto de lapela sem fio e gravador. Sugestão: lapela sem fio da Senheiser e gravador Zoom h6.  O microfone deve ser posicionado na camisa do entrevistado voltado para a boca do mesmo e conectado ao transmissor. O transmissor enviará o sinal para o receptor, que por sua vez enviará o sinal para o gravador.

• Existe a possibilidade de trocar o lapela por um sorvete sustentado por um pedestal, funcionando com o cabeamento direto no gravador. Nesse caso o sorvete deve ficar a um palmo de distância da boca do entrevistado. Próximo o suficiente para captar mais sinal do que ruído e longe o bastante para o áudio não ter estouros.

Usando o celular

• Utilizar o fone de ouvido do celular, pois vem com um microfone que capta o áudio com qualidade satisfatória. E caso a pessoa deseje aprimorar o resultado obtido, pode-se ainda realizar um processo de nivelação do áudio e supressão de ruído a partir de programas específicos, sem exigir investimentos em microfones profissionais. Esse processo é feito com o software adobe audition. No caso do nivelamento é possível utilizar o software levelator que é gratuito e pode ser baixado em http://www.conversationsnetwork.org/levelator. É possível encontrar tutoriais online e gratuitos para cada um destes procedimentos.

• Caso a entrevista seja realizada apenas em áudio e o único aparelho a ser utilizado seja o telefone celular, posicione o aparelho entre o entrevistador e a pessoa a ser entrevistada, de forma a captar

• É fundamental escolher um local silencioso para a gravação da história. Um quarto com as portas fechadas é uma boa opção. Evite espaços amplos e sem muitos móveis para que não haja risco de eco. É muito importante, principalmente quando os relatos não forem gravados com microfones, fechar todas as janelas e portas, evitando interferência do áudio externo. Lembre-se de sempre desligar ou silenciar seu telefone celular, pedindo para que o entrevistado faça o mesmo.

• Sempre realize um teste antes do início da entrevista. Ligar os equipamentos, gravar alguns segundos da pessoa falando e depois parar para escutar é uma ótima maneira de assegurar que o som está de acordo com o desejado, sem ruídos ou interferências externas. É melhor testar antes do que perceber, ao final da entrevista, que o registro está comprometido.